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O público e o privado


Da floresta às salas de museu transitamos por espaços adversos que nos abastecem de forma diferente. A floresta me refresca os ares do confinamento, me compensa o oxigênio que necessito para desobstruir minhas alucinações infrutíferas e me fazer perseverar por campos verdes, frescos e abertos que me tragam possibilidades de reconhecer os mundos possíveis que posso habitar. As salas de museu, entretanto, me transportam para um cenário privado e confortável, aquecido pelo conhecimento que me nutre da sabedoria dos diversos interlocutores com os quais veio dialogando. Através de visitas à cafés filosóficos transito com Luiz Felipe Pondé e Leandro Karnal que me fornecem máscaras, respiradores e equipamentos para uma compreensão mais ampla dessa Pandemia. Contemplando a aula de Lia Diskin me abasteço do respeito, do amor e da compaixão tão raros para o nosso momento presente. Ela nos eleva a um ramalhete de reflexões amorosas ao mesmo tempo que nos convoca às responsabilidade de uma comunhão restauradora quengo habitamos a dimensão do Nós. Com Clarice Lispector alucino e transbordo a minha própria insanidade, me reconhecendo estrangeira da minha própria vida e, portanto, estando a margem de cenários que ainda não tinha habitado, caminhando por avenidas dantes desconhecidas. Me permito viver o improviso, me preparar para as intempéries e não me deixar desorganizar mais do que o inevitável diante das impermanências da vida. Com Clarice me reconheço no estranhamento dos diálogos internos que travo comigo mesmo para entender facetas inexploradas, até então, pelo meu ser. Abro as janelas da possibilidades de diálogo e colaboração, abraçando as vulnerabilidades de um planeta convulsionante. O abraço de Clarisse é a própria ambiguidade que necessito para manter a constatação de me preparar para o improviso, para aquecer minha alma e esfriar minha mente para escolher ser outras Ninas a partir dessa, que se permite aprender para poder sonhar.


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